quinta-feira, 9 de setembro de 2010

FELIZ DIA DO ADMINISTRADOR

Meu pai quis muito que eu fosse engenheiro eletrônico, talvez pelo fato de ele ter cursado eletrônica por correspondência, oferecido pelo antigo Instituto Universal Brasileiro, e também por não ter conseguido ingressar na universidade, como era o seu desejo inicial. Ele tinha orgulho de saber consertar rádios e tocadiscos e até mesmo televisores naquela época, mas encerrou a sua modesta carreira como mecânico de manutenção considerando que a fase da infância e da adolescência não foi tão generosa com ele como foi comigo.
Durante muito tempo eu tentei realizar o sonho de meu pai e acabei fazendo o curso técnico de eletrotécnica na época, talvez para agradá-lo, talvez para agradar a mim mesmo, talvez para encontrar um rumo na vida, afinal, quase metade do pessoal saia da minha cidade para estudar na capital e cursar a Escola Técnica. O fato é que eu não tinha a mínima vocação para a área técnica, mas isso não invalidou a boa intenção do meu pai de querer o melhor para o filho.
Apesar das inúmeras tentativas, em diferentes universidades, acabei desistindo da ideia de me tornar engenheiro e fiz vestibular para Administração de Empresas. Por um bom tempo, tive que carregar aquele velho estigma de que “se você não serve para engenharia, faça administração mesmo”, pois o importante é ter um curso superior. Havia ainda o fato de que eu precisava sobreviver e não podia depender da família, o que me obrigava a trabalhar de dia e estudar à noite sem liberdade para escolher, mas isso é outra história.
Ao longo de quatro anos seguidos, eu fiz o meu melhor. Mergulhei de corpo e alma num curso que, inicialmente, era ridicularizado, rotulado e tomado sempre como segunda, terceira ou ainda quarta opção. O glamour girava em torno da medicina, da engenharia e do direito e qualquer pai e mãe consciente desejava que o filho optasse por um deles, pois imaginava que assim poderia almejar uma carreira mais promissora e menos sofredora.
Faz exatamente vinte anos que eu concluí o curso de Administração de Empresas. Os quatro anos da faculdade estão entre os melhores da minha vida, sem sombra de dúvida. Aprendi a tratar a administração como arte, religião e ciência, o que me ajudou a abrir os olhos e as portas para uma nova forma de sobrevivência, além do crescimento pessoal e profissional e o conseqüente aproveitamento da minha vocação original.

Leva tempo para descobrir o quanto somos ricos e quanta riqueza somos capazes de produzir com tudo que aprendemos na vida e na escola. Naquela época, apesar do orgulho de ter um curso superior, eu tinha receio de dizer a profissão, me sentia inferiorizado e carregava o hábito infeliz de me comparar o tempo todo com aqueles que, inevitavelmente, pareciam melhores do que eu. Que bobagem de minha parte! Para o nosso próprio bem, o tempo e a experiência se encarregam de corrigir essas coisas.
Vinte anos depois, tenho orgulho de me considerar um administrador de verdade. Fico feliz de ser contratado por empresários de diferentes segmentos para contribuir com o conhecimento e a boa experiência adquirida pelo exercício da profissão. Sinto imensa alegria quando entro na sala de aula e consigo compartilhar conhecimento com alunos engenheiros, médicos, advogados, professores, técnicos, contadores e outras profissões tão nobres e promissoras quanto a minha. Depois de tanto tempo, posso encher a boca e dizer que o esforço não foi em vão. Tudo vale a pena quando a alma não é pequena, dizia Fernando Pessoa.
Por fim, quero compartilhar um pouco mais da minha experiência com todos os administradores que ajudam a construir um mundo melhor ao abraçar a profissão com todas as suas forças e o seu talento ao mergulhar de cabeça numa área que hoje recebe, de coração aberto, interessados das mais diversas áreas do ensino e do conhecimento, afinal, a administração é onipresente e não se pode mais ignorá-la em qualquer circunstância.

Seja um administrador consciente da sua missão: nunca permita que o brilho das demais profissões ofusque o brilho e a importância da sua profissão; a seriedade do administrador gera prosperidade e perpetua as empresas; o que vale é o sentido de contribuição e realização;

Não seja um administrador medíocre: o mundo corporativo é repleto de profissionais medíocres em todas as áreas do conhecimento; não seja um deles, faça valer o seu diploma; a mediocridade não cabe em nosso vocabulário, portanto, seja um administrador diferente; o que você faz agrega valor ao trabalho?

Administre a si mesmo: quando você tem consciência de onde deseja chegar e não mede esforços para atingir seus objetivos, a realização é uma questão de tempo; não culpe ninguém, não espere nada, faça alguma coisa, de preferência mais do que se espera de você.

Pense nisso e seja um administrador por excelência!

Escrito por Jerônimo Mendes - www.jeronimomendes.com.br

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