quinta-feira, 28 de abril de 2011

Gestão de Pessoas: o método espartano

Postado por Israel Bovolini Jr em Gerência de ProjetosGovernançaTI Corporativa


Acredito que, se você esteve na Terra nos últimos 10 anos, você deve ter assistido ao filme 300, de Zack Snyder. O filme como entretenimento já é fantástico, mas vamos nos aprofundar um pouco mais no significado:
O cenário – 300 guerreiros espartanos contra um exército de mais de 100.000 persas.
Os líderes – Leônidas, um general e regente espartano, contra Xerxes, um rei persa tido como um deus.
Os soldados – Historicamente, os espartanos eram conhecidos por seu culto à excelência, à eficiência como guerreiros . No filme, isso é retratado quando Leônidas é questionado do porquê de seu exército ser tão pequeno. Este responde perguntando a profissão dos outros gregos: “oleiro”, responde um; “escultor”, responde outro. Leônidas pergunta para seu exército: “Espartanos, qual é sua profissão?” O exército inteiro responde com um grito de guerra.  O exército persa era formado por nações conquistadas pelo caminho. Existiam tanto guerreiros experimentados quanto camponeses com machados e picaretas.
A matemática simples nos diz que os espartanos sofreriam uma derrota clamorosa. No entanto, o rei Leônidas conseguiu motivar 300 guerreiros valorosos a ponto de enfrentarem os números. Como ele conseguiu isso? Através de 6 características-chave:
- PENSAMENTO ESTRATÉGICO: Em campo aberto, o exército espartano seria simplesmente engolido pelo persa. Leônidas verificou o terreno e escolheu uma passagem estreita – o desfiladeiro das Termópilas -, onde seu exército conseguiria se proteger e atacar ao mesmo tempo. Traduzindo pra nossa realidade, o GP que consegue ter uma visão global clara do projeto saberá de todos os pontos fracos de sua estratégia e escolherá o cenário de melhor aproveitamento para sua gerência.
TRANSPARÊNCIA: Em nenhum momento Leônidas esconde de seus soldados o que eles irão enfrentar. Eles sabem que somente pelos números eles estão perdidos. O GP que deixa claro para sua equipe quais são as dificuldades esperadas e os benefícios conseguidos caso o prometido seja cumprido tem grandes chances de conseguir motivar seu time.
- VISÃO PARA TALENTOS: quando o deformado Ephialtes pede para lutar, Leônidas deixa claro que como guerreiro ele não serviria, mas que ele poderia ajudar cuidando dos feridos e trazendo água e comida. O GP motivador sabe identificar e aprimorar os talentos de cada um da equipe.
LIDERANÇA: Leônidas estava sempre à frente do exército, como o primeiro a receber o ataque do exército inimigo. Da mesma forma, o GP deve estar à frente da equipe para protegê-la e sempre assumir a responsabilidade por qualquer circunstância do projeto.
MARKETING PESSOAL: Um pouco antes da batalha decisiva, Leônidas recorre a um soldado que havia sido ferido e pede para que ele conte a história do que aconteceu aos líderes e cidadãos de Esparta. Se um GP souber explorar bem o sucesso ou fracasso de um projeto, ele tende a ter sucesso.
HUMILDADE: às portas da morte, um soldado segura a mão do rei e diz: “É uma honra morrer ao seu lado”. Ao que Leônidas, agonizando, responde: “Foi uma honra ter vivido ao seu”. Leônidas se coloca aos olhos do soldado como um igual, sem distinção de hierarquia. O GP que deixa o cargo subir à cabeça normalmente não consegue manter a equipe coesa e motivada.
Apesar da figura do rei/gestor motivador, os espartanos morreram. Mas pararam pra pensar por quê?
“Ah, mas os espartanos foram pegos pelos persas que usaram uma trilha escondida nas montanhas”, você responde. Traduzindo pro nosso mundo, o gestor não detectou que havia uma falha no escopo do projeto, certo? Errado. No filme, Leônidas é avisado que a tal trilha existia, e designou uma parte do exército auxiliar para guardar a trilha – um exército que não tinha a mesma motivação ou treinamento dos espartanos. Neste ponto, o GP errou. Ele deveria ter colocado uma equipe de elite para cobrir o ponto fraco, mas a questão que quero levantar não é essa. Quero destacar a participação de outra pessoa.
O deformado Ephialtes, cuja participação na guerra foi revelar aos persas que existia o ponto fraco em troca de um cargo, e trair a sua equipe fazendo isso, representa o funcionário desmotivado, orgulhoso demais para colocar a mão na massa e fazer a diferença. Atente que a ele foi oferecido um cargo em que ele poderia ter seus talentos empregados (tratar feridos e levar água e comida), mas ele se achava bom demais para isso. Queria ficar na linha de frente, onde poderia ser morto ou levar seus companheiros à morte. A sabedoria do GP Leônidas foi, ao perceber esse orgulho, dispensar o funcionário que poderia comprometer a equipe. Se ele tivesse sido condescendente e colocado Ephialtes no exército, ele seria aquele funcionário que deveria chegar às 09h00, mas chega às 10h00 e dorme na mesa às 11h00, afinal de contas ele é bom demais. Ele perceberia que não teria o talento necessário para levar seu projeto até o fim, mas o orgulho não o deixaria ceder a posição a quem poderia ocupá-la melhor. Caso este funcionário desmotivado trocasse de função – ou desistisse do orgulho, como preferirem – ele teria ido para o back-up do exército e possivelmente teria mais possibilidades de reconhecimento e crescimento de carreira, pois seus talentos seriam empregados para o lado certo. Mas ao final, ele cede a própria auto-imagem e se volta para o lado do inimigo, causando a derrota do projeto.
Como gestor, ter estas qualidades do rei Leônidas podem te levar ao sucesso, mas acima de tudo você precisa saber motivar as pessoas a darem o seu melhor. Não é porque uma pessoa tem uma centena de certificados que ela será melhor que uma pessoa que aprendeu sozinha. A força de vontade de cada um pesa muito na hora de resolver um problema, e cabe ao gestor decidir onde cada ferramenta será empregada, e ao funcionário cabe ter a honra e a humildade de saber quando seus talentos não são determinantes para uma tarefa, e saber abrir mão disso em nome do sucesso do projeto.
A estes que têm esta honra e humildade, eu pergunto: ESPARTANOS, QUAL É SUA PROFISSÃO?

Um comentário:

  1. Muito bacana, eu curso 2º período de Adm no ITPAC em Araguaína, e esse artigo me ajudou bastante a desenvolver um trabalho que me foi designado pelo professor!!! e minha paofissção é "rru rru rru" kk era pra ser um grito de guerra! parabéns abraços

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